Ecografia Morfológica do 1º Trimestre

Os exames de rastreamento são realizados em dois momentos específicos da gestação, no primeiro e segundo trimestre.

No primeiro trimestre este exame é realizado entre 11 semanas e 3 dias e 13 semanas e 6 dias, mais precisamente quando o feto estiver medindo entre 45 mm e 84 mm de comprimento da cabeça à nádega. O exame é realizado por via abdominal.

Neste exame rastreia-se a avaliação dos seguintes marcadores, sendo os principais:

1. Translucência nucal: Neste exame é realizado a medida da translucência nucal. A translucência nucal é utilizada na triagem de cromossomopatias no primeiro trimestre, é o principal indicador para dizer se o feto tem um risco alto ou baixo para ter alguma síndrome genética. É o marcador isolado mais sensível e específico e, associado à idade materna, possui uma sensibilidade de 77% e uma taxa de FP de 4,5% para trissomia do 21.

O aumento da translucência nucal é comum entre os fetos cromossomopatas, em fetos com anomalias estruturais, síndromes gênicas e infecções congênitas.

2. Além da translucência nucal, outros marcadores poderão ser avaliados, conforme a requisição do seu médico obstetra, dentre eles o Osso Nasal, doppler do Ducto Venoso, o doppler de Tricúspide, doppler das Artérias Uterinas, Freqüência Cardíaca Fetal, o ângulo maxilo-naso-frontal, presença de malformações detectáveis, por exemplo a megabexiga, holoprosencefalia.

Com a utilização de múltiplos marcadores no primeiro trimestre consegue-se uma redução dos falsos positivos do teste de 5% para 2% – 3%, ou na prática reduzindo as gestantes que necessitariam fazer amniocentese em cerca de 1/3.

 Objetivos do US de rastreamento no primeiro trimestre

  • Datar a gestação com precisão. Neste exame realizamos a medida do comprimento fetal (CCN) e com este dado é possível determinar com relativa precisão o tempo de gestação;
  • Avaliar o risco para cromossomopatias;
  • Avaliar o número de fetos, a corionicidade (MC/DC) e a zigoticidade (MZ/DZ) nas gestações múltiplas. Cerca de 1 a 2% das gestações concebidas naturalmente e 10% das gestações assistidas são gemelares.

O exame de ecografia pode detectar se os fetos tem placenta única (MC) o que pode levar a complicações exclusivas durante a gestação, ou se tem placentas distintas monocorionicidade (MC) sempre implica em monozigoticidade (MZ). Gestações dicoriônicas (DC), por sua vez, pode, ter origem tanto dizigótica (DZ) como monozigótica (MZ). Gêmeos com sexos diferentes são sempre dizigóticos e dicoriônicos. Gêmeos do mesmo sexo podem ser tanto monozigóticos como dizigóticos.

  • Diagnosticar algumas anomalias graves que podem ser identificadas já nessa fase;
  • Por meio da história clínica, exames bioquímicos, exame físico materno, avaliação do doppler das Artérias Uterinas e o cruzamento dessas informações com software licenciado, é possível rastreio de pré-eclâmpsia precoce em 90% das gestantes, e possibilitar o tratamento preventivo o que pode reduzir o risco da apresentação grave dessa doença pela metade;
  • Rastreamento de anomalias fetais;
  • Diagnosticar abortamentos e;
  • Permite Rastreio do trabalho de parto prematuro no primeiro e segundo trimestre.

Avaliação de risco personalizada

A grande maioria dos bebês é normal. Independente da idade, qualquer gestante pode ter um bebê com alguma anomalia. Em alguns casos a causa dessa anomalia é uma alteração no número de cromossomos, tais como a Síndrome de Down (trissomia do 21) , Síndrome de Edwards (trissomia do 18), Síndrome de Patau (trissomia do 13), Síndrome de Turner (monossomia do X) e Triploidias.

A única maneira de saber com absoluta certeza se o feto tem uma anomalia  cromossômica é realizando um teste invasivo, como a amniocentese ou a biópsia de vilosidade coriônica. Entretanto estes testes invasivos têm um risco de perda da gestação de cerca de 1%.

Cabe ao casal a decisão de realizar ou não um teste invasivo para ter certeza se o bebê tem alguma alteração cromossômica. Em linhas gerais a recomendação atual é que os testes invasivos sejam realizados para as pacientes que possuem o risco individualizado maior que 1 em 300.

A maneira mais precisa de estimar o risco de ter um feto com Síndrome de Down é realizada associando informações sobre:

  • Idade materna;
  • Medida da Translucência Nucal (fluido acumulado na nuca do feto);
  • Presença ou ausência do Osso Nasal;
  • Freqüência Cardíaca Fetal;
  • Fluxo sanguíneo através da válvula tricúspide ou doppler da tricúspide (regurgitação da válvula tricúspide);
  • Fluxo sanguíneo através do ducto venoso (doppler do Ducto Venoso);
  • Presença de outras anomalias anatômicas;
  • Dosagem de 2 hormônios na circulação materna (fração livre de B-hCG e PAPP-A).

Após o rastreamento combinado, empregando marcadores ultrassonográficos e bioquímicos do sangue materno, o risco estimado para cromossomopatia poderá ser calculado de forma individualizada, através de um software licenciado. Após receber estas informações a paciente poderá decidir se deseja ou não realizar um teste invasivo (amniocentese ou AVC).

Pesquisa de células fetais livres no sangue materno para avaliar o risco de cromossomopatias (T21, T18, T13) determinam se o teste pré-natal invasivo é necessário.

Independente do resultado deste exame ou da realização do teste invasivo, recomendamos que entre 18 e 24 semanas de gestação seja realizado a ecografia morfológica do segundo trimestre.

O Rastreamento das anormalidades estruturais do 1ºtrimestre podem ser observados na aula do professor Dr. Jader Cruz, “at ISUOG 2017”.

Ecografia Morfológica do 2º Trimestre

O exame morfológico do segundo trimestre deve ser realizado prioritariamente entre 20 e 24 semanas de gestação pois esta é a melhor época para visualizar com o ultrassom as alterações anatômicas. Trata-se de um exame de rotina em todas as gestações, no qual é feita uma avaliação detalhada sobre a anatomia fetal. Mesmo considerando as limitações técnicas inerentes ao ultrassom, a sensibilidade do ultrassom morfológico para detecção de malformações fetais é de aproximadamente 85%.

É o exame de escolha para o acompanhamento de malformações já diagnosticadas em qualquer fase da gestação. Devido a sua importância, deve ser realizado por profissional habilitado em Medicina Fetal, o que permite que a maioria das malformações possam ser vistas já nesta época.

Em associação com este exame, de acordo com a solicitação de seu obstetra, também podemos realizar:

  • Avaliação do Colo Uterino para avaliação de Risco de Parto Prematuro (via transvaginal)
  • Avaliação das Artérias Uterinas para Risco de Pré-Eclâmpsia (Dopplerfluxometria)